UMA BELA REVISTA DE CAPA MACULADA Sobre Longe do Paraíso


O formato desse filme me afastou dele durante um tempo. Até mesmo o trailler me desagradou. Ele todo é feito como se estivéssemos diante de uma produção típica dos anos 50, bem ao modo de MULHERES PERFEITAS com a Nicole Kidman. O bom é que tal como este último, Longe do Paraíso vai ficar de fato muito longe desse paraíso forçado e enfiado de goela abaixo durante tanto tempo pelos EUA.

As mulheres eram bonecas brancas sempre maquiadas e bem vestidas à sombra de seus maridos e organizando recepções e cuidando dos filhos. Os homens eram os maridos que trabalhavam fora e que ganhavam dinheiro para que a família mantivesse o padrão estabelecido pelas revistas.

Tudo era questão de imagem. Tem gente, ainda hoje, que pensa que naqueles tempos o mundo era mais perfeito, mais bonito, mais heterossexual e puro. Uma pureza ariana, diga-se de passagem.

No cinema, temos o caso do ator Rock Hudson que estrelava exatamente estes filmes que mostravam o paraíso familiar. O homem bonito, charmoso, branco que era o par perfeito de encantadoras mulheres. Na vida real, ele lutava para esconder sua homossexualidade e vivia de falsos casamentos para driblar qualquer fofoca quanto a sua vida gay.

Os negros nessa época faziam, no máximo, pequenas pontas como empregados domésticos e em muitos filmes não apareciam sequer nesta condição.

Em LONGE DO PARAÍSO a história começa com todo mundo ocupando o seu devido lugar, até que a realidade vai tomando conta das cenas como se fosse um cupim faminto devorando uma revista de moda.

Terrível é imaginar que um filme como este seja tão atual e que se repitam situações representadas nele quase que diariamente.

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