PARA DENTRO DO MAR, PARA LONGE DA TERRA Sobre Mar Adentro


Cortar a vida que não se quer. Sair de cena com a dignidade da própria escolha. Desafiar a vida, recusando-a. Estas três sentenças juntas e encarrilhadas são extremamente polêmicas por remeterem a suicídio e eutanásia. A religião, a sociedade, a família e as leis proíbem e condenam essa decisão, digamos, sobrenatural. Alejandro Amenábar, em seus filmes, costuma defender, exatamente, esse ponto de vista. Em Os Outros e Alexandria temos suicídio e em Mar Adentro isso será a mola propulsora do filme.

As tragédias pessoais que impossibilitem a felicidade e a realização do prazer na terra parecem que são motivo suficiente para que os personagens abandonem a carcaça humana. Ramón Sampedro é um homem que se vê impossibilitado de cometer suicídio e que luta na justiça por esse direito. A sua história, para mentes frágeis, pareceria mórbida e triste, ou mesmo, derrotista. Advirto que não. É a história de um homem inteligente, perspicaz, bem-humorado, charmoso e que acredita ter vivido mais do que o suficiente numa situação que o degrada e desagrada. O filme não defende que é certa a sua decisão, mas que é certo o direito de ele decidir sobre si.

Incrível como torcemos para que ele viva, porque ele é encantador e inspirador, mas de certo modo, nos vemos como egoístas que enjaulam pássaros em gaiolas porque nos deliciamos com seu canto.

Geniais são as escolhas e recortes do roteiro e o encadeamento das cenas previstas pela direção. Javier Bardem, novamente, brilha transformando-se no velho Ramón cansado de sua existência. Merecidos todos os prêmios pela sua atuação.


Os outros personagens que o circundam dão o devido tom emotivo que um filme desta natureza prevê e a última cena arrebatará os demais corações e cérebros que ainda permaneçam endurecidos.

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