AS PELES QUE HABITAMOS OU OS PAPÉIS QUE ASSUMIMOS Sobre Má Educação

Hoje eu sentei para escrever esta matéria muito tarde!!!! Mas, como ainda será dia 13 de novembro até a hora de postá-la, a promessa de divulgar um filme por dia até o dia da mostra 21 ainda estará de pé.

Vamos ao terceiro título das sessões da tarde da MOSTRA 21: MÁ EDUCAÇÃO. Este filme dificilmente será visto por pessoas que ainda não o tenham assistido. Almodóvar é um diretor muito popular no mundo inteiro e possui um público cativo de suas produções.

Dos dezoito longas distribuídos no Brasil, só não vi, ainda, o primeiro, PEPI, LUCI, BOM E OUTRAS GAROTAS DE MONTÃO de 1980. Quanto aos demais, tenho a minha própria classificação.

Existem os filmes da fase oitentista: LABIRINTO DE PAIXÕES (1982), MAUS HÁBITOS (1983), O QUE EU FIZ PARA MERECER ISSO? (1984), MATADOR (1986), A LEI DO DESEJO (1987). Depois vem o filme de transição, pelo qual foi indicado pela primeira vez ao Oscar, na categoria Melhor Filme Estrangeiro: MULHERES À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS (1988). Estes filmes contam na sua maioria com a atriz Carmem Maura. Na fase dos anos 90, temos as atrizes Marisa Paredes e Victoria Abril como musas: ATA-ME! (1990), DE SALTO ALTO (1991), KIKA (1993), A FLOR DO MEU SEGREDO (1995). Este último estabelece a transição para uma nova fase, onde ele produz seguidamente três obras primas, que podemos chamar Fase de Ouro Almodovariana na qual ele ampliou fortemente o circuito de admiradores e fez com que ele saísse do gueto em que suas produções anteriores o deixavam: CARNE TRÊMULA (1997), TUDO SOBRE MINHA MÃE (1999), FALE COM ELA (2002). Principalmente os dois últimos, vencedores do Oscar, serviram de ponte para o seu terceiro momento, que pode ser chamado de auto-referencial: MÁ EDUCAÇÃO (2004), VOLVER (2006), ABRAÇOS PARTIDOS (2009) e A PELE QUE HABITO (2011), que está nas salas de cinema causando muita polêmica. Eu o assisti essa semana e posso lhes adiantar que é maravilhoso.

Um dos temas recorrentes da MOSTRA 21 nº4 dentro do tema maior Sexualidade é o das Relações Homossexuais e Almodóvar sabe lidar com o assunto dando o exato caráter de naturalidade que o assunto merece. Porque ele não perde tempo explicando para as pessoas como é e o que é um homem se interessar por outro. Ele vai falar sobre um diretor que quer uma nova história para filmar e que quando aparece um bom roteiro, quem o escreveu foi o seu amor de infância de quando era aluno interno de um colégio de padres. A história é em grande parte a sua história de vida e os desdobramentos dela ainda se fazem presentes.

O desejo foi filmado com bastante teor erótico/sexual: o olhar dos que desejam é bastante evidenciado e consegue tirar seus personagens de qualquer margem racional seja ela imposta pela moralidade seja pela ética.

Não acho que se trate de um filme que fala mal de padres pedófilos como quiseram reduzi-lo alguns. Pode ser que, entre muitas outras coisas, ele fale dos papeis que interpretamos em nossas vidas.

3 comentários:

Dia 14 de novembro de 2011 às 18:40  

Assumo meu papel incondicional de fã do Almodovar e habito por vezes a pele de uma garota almodovariana...

P.s.: Vi Pepi, Luci e Bom (muito legal, com aquela estética ainda de baixo orçamento típica dos primeiros filmes dele, mas com um roteiro muito bom), em compensação me falta ver "O que eu fiz pra merecer isso".

Elvis Pinheiro 14 de novembro de 2011 às 19:03  

tem um assassinato em "o que eu fiz pra merecer isso' onde a testemunha é uma lagartixa! coisas de almodóvar dos anos 80...

Natallyanea 19 de novembro de 2011 às 10:49  

Gosto do cenário diferente do Amodòvar... o vermelho, a história sempre forte e/ou dramática... apesar de ter assistido poucos. Esse, por exemplo, eu não vi. Então estou quebrando o seu "dificilmente" inicial, Elvis. Está na lista.

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