Já exibi este filme algumas outras vezes no Cariri e a platéia sempre aprovou o resultado. Acontece que foram sessões de público muito reduzido. Ele precisava dessa grande janela que, espero, seja a MOSTRA 21. Digamos que as dimensões do evento combinam com todas as dimensões do filme.
É um filme de mais de três horas de duração, totalmente hiperbólico! Ele não mede palavras, não economiza nas imagens nem nas possibilidades narrativas. Atravessa a Segunda Guerra e vai seguindo pelas décadas, mostrando aos espectadores como mentiras são formadas e tornadas verdades inquestionáveis e que o próprio cinema irá reproduzir e ajudar a confirmar.
Pessoas num subterrâneo vivendo de produzir armamentos para uma Segunda Guerra interminável, sem saber de nada do que acontece no mundo de cima e sem que o “mundo real” tome conhecimento dos idealistas guerrilheiros inimigos dos nazistas.
Este filme de Kusturica que ganhou a Palma de Ouro de Melhor Filme em 1995 é daqueles filmes que segue à risca a máxima de que uma Guerra é sempre um show de absurdos. Amizades se dissolvem, amores se tornam volúveis e efêmeros.
Existe bastante excitação nas cenas: o poder corrompe e excita. Poder bélico ou político. Prestem atenção na cena que está na maioria dos cartazes do filme: uma mulher de vermelho dançando com o cano de um canhão.
A trilha sonora é um personagem à parte. A música vem com tanta força e energia que casa perfeitamente com tudo que vemos na tela. É o combustível para a longa jornada de Kusturica, diretor de um país que não existe mais, filho de um lugar que gerou guerras capazes de colocar irmão contra irmão, a ponto de aniquilar as possibilidades de conciliação até hoje.
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