SILÊNCIO COM CHEIRO DE GÁS MORTÍFERO Sobre Amém.




Costa-Gavras é um diretor que me acompanha desde que vi Z pela primeira vez. Lembro da capa do vídeo-cassete! (é o novo...): era uma capa preta com aquela letra branca enorme e bem centralizada, Z. Do que tratava aquele filme? Um filme que ficou proibido no Brasil durante anos, desde o seu lançamento e que havia levado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano de seu lançamento.



Um dia, encontrei-o novamente e assisti-o num pequeno cineclube na residência estudantil onde morava em Recife. Nossa! A primeira cena de um cientista explicando o perigo e os danos causados por fungos nas plantações e a forma de lidar com essa praga para uma platéia de militares é quase surreal, mas quando o General pede a fala, em seguida, para comparar os fungos aos aos comunistas no país, fica tudo claríssimo. Daí em diante, vemo-nos num suspense político dos melhores já produzidos.



O cinema de Costa-Gavras é político e instigante. Em 2002 foi a vez dele tocar num assunto bastante polêmico: a relação da Igreja Católica com o III Reich Alemão durante a Segunda Guerra Mundial. A Santa Sé sabia ou não do assassinato em massa dos judeus? O cartaz do filme provocou protestos violentos na França por parte de católicos fervorosos.



O roteiro, mesmo falado em inglês, ganhou o César na França. Nele vemos a agonia de um soldado da SS, protestante, que descobre que o produto que ele inventou para purificar a água dos soldados estava sendo usado para exterminar os judeus em câmaras de gás. Desde esse momento ele vive com um forte sentimento de culpa e tentando avisar o alto clero romano para que o mundo tome conhecimento do horror. É quando entra na história o jovem padre Ricardo Fontana, que busca ajudá-lo nessa tarefa. Todos ao redor, no entanto, correm com suas vidas, sem mostrarem grande preocupação, enquanto comem bem ou se preocupam com grandes cerimônias e acordos políticos.



O filme é cortado por trens de passageiros, dando a dimensão exata de que enquanto a história corre, pessoas vão sendo mortas aos milhares.



Essa história fala aos jovens compromissados com idéias e com o futuro e de nossas responsabilidades com o mundo e com os outros. Seremos mártires ou salvaremos a própria pele e nos silenciaremos frente às injustiças?

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