REVER E VER UM BELO FILME: TIRANDO UMA PRECIOSIDADE DO ESQUECIMENTO Sobre Kramer vs. Kramer









Kramer vs. Kramer vai dividir o público em dois: aqueles que o viram nos anos 80 e aqueles que nunca ouviram falar dele, exatamente por ser um filme “antigo”. Acontece com filmes de sucesso comercial de determinada época sumirem de qualquer lista dos melhores isso ou aquilo e eles vão sendo esquecidos ao ponto de nunca serem citados para nada.

Neste filme dos anos 70, Dustin Hoffman ganhou seu primeiro Oscar de Melhor Ator. Ele já havia sido indicado por sua atuação em A Primeira Noite de um Homem (1967), mas foi com sua performance do publicitário super atarefado que se vê na incumbência de cuidar de seu filhinho quando sua esposa os abandona que lhe garantiu o prêmio. O ator havia acabado de se separar e contribui na construção do roteiro. Na verdade, ele a princípio, resistiu ao personagem por se ver numa situação tão parecida.

Todos os atores estão impecáveis, da criança à vizinha que também foi indicada ao Globo de Ouro como coadjuvante. As cenas dela conversando com o marido abandonado são de uma naturalidade impressionante. Meryl Streep, a mais indicada ao Oscar de todos os tempos, recebeu sua primeira estatueta neste filme. São poucas cenas, no entanto, em todas percebemos a atuação minimalista e intensa que a consagrou: vemos a mulher saturada da vida que leva e capaz do ato mais desesperado que é o de abandonar o filho na esperança de poder se reconstruir e a mulher já refeita que tenta recuperar o que vale a pena de seu passado.

Em Kramer vs. Kramer nós choramos, rimos, ficamos tensos e apreensivos e vamos mudando nossos sentimentos em relação ao casal Ted e Joana, respectivamente Justin Hoffman e Meryl Streep. Não se trata de uma luta entre o Bem e o Mal ou entre o Certo e o Errado. São duas pessoas reais, ricas em complexidade e frágeis e fortes numa medida às vezes equilibrada e às vezes não, e por isso, nos envolvemos tanto enquanto assistimos ao filme.











Deixei-o para ser exibido no sábado porque gostaria muito, muito mesmo, de ver a sala do CCBNB lotadíssima nesta tarde. Este filme merece mesmo ser retirado da poeira do esquecimento e tornar-se uma referência estético-afetiva para os cinéfilos do cariri.

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