A DIGNIDADE DOS HOMENS MORTOS Sobre Os Três Enterros de Melquíades Estrada










Em Antígona, tragédia que encerra a trilogia tebana de Sófocles, a filha de Édipo tenta contra tudo e contra todos dar um enterro digno ao seu irmão, nem que isso custe a sua própria vida. Em OS TRÊS ENTERROS DE MELQUÍADES ESTRADA, um amigo sincero tenta fazer o mesmo por seu companheiro morto traiçoeiramente por um policial. A honradez e a lealdade aos princípios, da mesma forma que movem Antígona, também levam o capataz Pete Perkins a cumprir a promessa feita ao defunto de enterrá-lo em solo mexicano.

Justiça, vingança, perseverança, coragem e honra são agentes catalisadores de cada passo dado em direção à cova certa. Por duas vezes a vontade de Melquíades Estrada foi desrespeitada e ele próprio tratado como um lixo forasteiro e estrangeiro. O seu terceiro e definitivo enterro tem que ser, além de reparador, reabilitador da honra perdida. Aquele corpo em decomposição transportado por terras quentes e secas pelo justiceiro e pelo policial criminoso é mais que um corpo, é o símbolo de que naquela morada habitou um grande e respeitável homem.









Passo a passo da trajetória, o policial vai expurgando o seu crime e tornando-se puro e bom. E se à tarde, vimos na MOSTRA 21, o mesmo Tommy Lee Jones, em ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, procurando o Bem num tempo sem bondades, aqui em OS TRÊS ENTERROS, ele alcança a beleza de ser o Redentor.

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