DETONANDO MENTES CARTESIANAS Sobre A Estrada Perdida








Nos anos 90, um diretor surpreende o público criando uma narrativa não-cartesiana: David Lynch. Ele já era famoso na década anterior por tratar de temas e personagens bizarros, levando para o lugar pacato e estabelecido pela opinião corrente como bucólico, o desagradável, o pervertido, o infame, o grotesco. Foi assim em O DIÁRIO DE LAURA PALMER, TWIN PEAKS, VELUDO AZUL, CORAÇÃO SELVAGEM e O HOMEM ELEFANTE.

Em A ESTRADA PERDIDA o diretor não se satisfaz apenas em acrescentar a perversão aos lugares tranqüilos, ele resolve tirar a tranqüilidade do espectador criando uma narrativa circular e/ou elíptica. Exatamente, e/ou. Dizer que se trata de uma narrativa circular ou elíptica já seria dar alguma resposta para uma história que se fechará ou não dentro de cada espectador.









A mente cartesiana está acostumada em montar uma história estabelecendo-lhe um início, um meio e um final. Dar coerência, encontrar a ordem e o progresso de um enredo é estabelecer uma relação de segurança com os fatos e com a vida. David Lynch está se lixando para a tentativa burguesa “tributável e cotidiana” de por as coisas em ordem para nos sentirmos inteligentes e capazes.

Este filme está entre os 42 títulos da MOSTRA 21 porque é um dos raros exemplos de filme sem concessões e sem bula manipuladora. Adoro isso nele e o meu gostar é acrescentado pela incrível trilha sonora, pelas duas saborosas Patricia Arquette, pelo tom sinistro, pelas pistas falsas e verdadeiras.

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